Humanóide

Uma outra dimensão...

domingo, 21 de junho de 2009


"Todos somos convidados da vida [...] neste pequeno planeta e mostrámos ser convidados bárbaros e exterminadores [...], mamíferos capazes de alcançar níveis elevados de compreensão e criatividade éticas, embora consistentemente territoriais, agressivos para com os rivais, propensos ao contágio do ódio colectivo, aos reflexos homicidas do rebanho [...]"

- George Steiner, in Errata: An Examined Life (1997)

domingo, 24 de maio de 2009


"Nunca se vai substituir o corpo-a-corpo, mas o sexo com máquinas será uma possibilidade real no futuro, e dentro de menos tempo do que se pensa."

- Marvin Minsky, in El Mundo, Madrid (23.08.08)

quinta-feira, 30 de abril de 2009


"O espaço envolvente do globo está cheio de grandes objectos de origem humana (quase 26 mil) e outros mais pequenos (peças de montagem, tampas de protecção descartáveis, etc.), três a cinco vezes mais numerosos, que não cessam de chocar entre si. E cada colisão aumenta a quantidade de fragmentos à deriva.

[...] A acumulação de objectos industiais nas órbitas da Terra oculta um perigo: atingido o limiar crítico, a quantidade de desperdícios aumentará exponencialmente, devido às colisões. Mais cedo ou mais tarde, a exploração espacial será impossível."

- Iuri Zaitsev, in RIA Novosti, Moscovo (13.02.09)

quarta-feira, 8 de abril de 2009


"Com a utilização dos primeiros robôs de combate no Iraque, abriu-se uma nova etapa e por uma via perigosa. Entramos, sonâmbulos, num mundo distópico, em que estes robôs decidem quando, onde e quem se deve matar [...]"

- Noel Sharkey, in The Guardian, Londres (18.08.07)

domingo, 4 de janeiro de 2009


"[Até 2050,] os seres humanos se apaixonarão por robôs, casar-se-ão e terão relações sexuais com eles e esses comportamentos serão vistos, no seu conjunto, como prolongamentos 'normais' dos nossos sentimentos amorosos e do nosso desejo sexual para com outros seres humanos."

- David Levy, in The Daily Telegraph, Londres (26.04.08)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008


"O robô da próxima geração não será destinado a exércitos suicidas nem a missões espaciais. Servirá para fazer companhia aos corações solitários, para se ocupar de pessoas idosas, para brincar com as crianças e para dar uma ajuda em casa. Tudo isto requer um nível avançado de computação, capaz de ler e interpretar as emoções humanas e de permitir que o robô vá aprendendo a conviver com as singularidades do seu dono."

- Javier Sampedro, in El País, Madrid (4.03.08)

quarta-feira, 24 de setembro de 2008


"[...] proponho o que designo por "princípio da inteligência": que a manutenção, o desenvolvimento e a perpetuação do conhecimento e da inteligência são a força impulsionadora central da evolução cultural. Se a inteligência pode ser aperfeiçoada, aquela também o deverá ser. Aplicado à vida no Universo, isto significa que os ET terão procurado as melhores maneiras de aperfeiçoar a sua inteligência e, ao fazê-lo, terão ultrapassado há muito a carne e o sangue. Terão chegado à inteligência artificial (IA). Futuristas como Hans Moravec e Ray Kurzweil previram que uma transição semelhante , da vida biológica para a IA, ocorrerá na Terra dentro de poucas gerações."

- Steven J. Dick, in New Scientist, Londres (28.05.08)

domingo, 14 de setembro de 2008


"A nossa cabeça é tão rica em imagens e tem uma capacidade tão extraordinária de estabelecer relações entre imagens que, na realidade, tudo se torna figura. Apetecia-me não ter imagens que se relacionassem com o que eu queria dizer, apetecia-me não ter imagens imediatamente reconhecíveis."

- Julião Sarmento, in Público/Ípsilon (11.04.08)

domingo, 24 de agosto de 2008


"Os nanotubos de carbono são apenas um exemplo desta nova categoria de produtos à escala do milésimo de milionésimo de metro, chamados 'nanomateriais', que começam a invadir o nosso quotidiano. Ora, se as nanopartículas fossem libertadas no ambiente, poderiam verificar-se efeitos nocivos desconhecidos devido à sua dimensão microscópica. Poderíamos inalá-las, engoli-las ou absorvê-las através da pele. E elas poderiam atingir depois órgãos vitais como o coração, o fígado ou mesmo o cérebro. O impacte das nanopartículas na saúde ainda é completamente desconhecido[...]"

- Karen Schmidt, in New Scientist, Londres (14.07.08)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008


"De todas as coisas que tive, as que mais me valeram, das que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar. São as coisas que não estão ao alcance de nossas mãos. São as coisas que não fazem parte do mundo da matéria. [...]

Ele entra.
Ele traz uma perna.
Uma prótese.
É japonesa. Ele diz.
Vou comprar.
Vai ser a perna do meu pai.
Eu já tenho o olho. Agora que paguei, tenho a perna. Sei que, com o tempo, vou montá-lo. Vou montar o meu pai. Meu pai Frankenstein. [...]"

- Lourenço Mutarelli, in O Cheiro do Ralo (2002)

terça-feira, 12 de agosto de 2008


"A questão da castração e da liberdade é transversal a toda a sociedade, está presente em todos os passos que damos. Portanto, é uma questão nunca resolvida e que está sempre em cima da mesa.

[...] A transgressão faz andar o mundo."

- Adolfo Luxúria Canibal, in Expresso/Actual, Lisboa (19.04.08)

quinta-feira, 7 de agosto de 2008


"Pensamentos e obras de arte confundem-se numa só e mesma coisa. Não vejo como um possa vir antes do outro. Os artistas decantam as suas matérias através dos caminhos que escolhem para alcançar os seus objectivos. Embora muitos tenham tentado, o que seria da arte se houvesse uma fórmula para explicá-la?

[Quando alguém olha para uma escultura minha] Gostaria que essa pessoa tirasse o máximo proveito do instante em que ainda não sabe quem é o autor da obra e esta parece surgir apenas com a energia que é capaz de produzir, sem nome e sem história."

- Waltercio Caldas, in Público/Ípsilon, Lisboa (1.08.08)

"Não procuro nada, a arte acontece quando me escapa."

- Idem, in Diário de Notícias, Lisboa (18.07.08)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008


"[...]Essa sensação de incapacidade parece-me ser um estado de espírito contemporâneo muito generalizado. O traço definidor destes anos é o facto de sentirmos que não podemos realmente actuar sobre coisa nenhuma. As máquinas do mal continuam em movimento e nada podemos fazer para as deter."

- Nick Cave, in Expresso/Actual, Lisboa (1.03.08)

quarta-feira, 30 de julho de 2008


"O facto de que os criminosos de guerra são gente comum - um irmão, um vizinho, talvez um marido - significa, em última análise, que cada um de nós se pode tornar um assassino ou um criminoso de guerra em determinadas circunstâncias. [É por isso] que precisamos de monstros, criando a maior distância entre nós e eles, excluindo-os da Humanidade, indo ao ponto de dizermos que os seus crimes foram 'desumanos'"

- Slavenka Drakulić, in Expresso/Actual, Lisboa (16.07.08)

domingo, 20 de julho de 2008


"[...]Os domínios da vigilância afectam, actualmente, quase todas as nossas interacções com o mundo exterior, quase todos os nossos sentidos.

A maioria dos nossos computadores é-nos fornecida com sistemas operativos que dão direito jurídico, à Microsoft ou à Apple, de colocar espiões em nossa casa, supostamente por bons motivos [...]

O Google e o Yahoo tornaram-se [...] os principais detentores de informações sobre os nossos comportamentos, os nossos hábitos de consumo. Estas empresas não existiam há dez ou 15 anos. Quem pode vaticinar como serão daqui a 20?"

- Thierry Rousselin, in Le Monde, Paris (12.04.08)

quinta-feira, 19 de junho de 2008


"Não se consegue conhecer ninguém pela arte que faz - a arte pode ser um reflexo da vida que se leva ou levou, mas também pode ser o oposto. E pode ser apenas aquilo que se consegue fazer porque não se sabe mais. [...]"

- Aimee Mann, in Público/Ípsilon (13.06.08)

quarta-feira, 18 de junho de 2008


"[...] A ideia de que não há moral sem religião raras vezes foi refutada com tanta calma e tanto humor. Rushdie deixa o vitupério para os fanáticos que o temem."

- Ursula K. Le Guin, sobre o novo livro de Salman Rushdie "The Enchantress of Florence", in The Guardian, Londres (29.03.08)

sábado, 14 de junho de 2008


"[...] Além das actividades normais de vigilância da loja, o nosso colaborador supervisiona o vosso pessoal. Oficialmente, é encarregado apenas de supervisionar a loja, mas procede, com efeito, a uma vigilância interna exaustiva. [...]"

- Carta de uma agência de detectives à direcção regional dos supermercados Lidl de Wunstorf (Alemanha), in Stern (3.04.08)

quinta-feira, 12 de junho de 2008


"Com o regime assalariado, passámos da liberdade de empreender e de uma certa flexibilidade de vida para a maior rigidez. Tenho um salário, um patrão, tenho de fazer o meu trabalho quer me agrade quer não, porque sou uma máquina de fazer dinheiro. É esse o perigo global das estruturas económicas actuais, da teoria dominante. O homem é considerado apenas como um agente económico, um empregado, um assalariado, uma máquina. [...]"

- Muhammad Yunus, in Le Monde (25.04.08)

sexta-feira, 30 de maio de 2008


"É muito mais importante o projecto e a obra do que o autor."

"Os autores dos projectos não estão em condições de avaliar se produziram uma obra de arte. Têm que fazer tudo para isso mas não podem ser os juízes. Não sei se Rembrandt quando acabou de pintar o Render da Guarda teve a noção de ter ali uma grande obra de arte."

- Gonçalo Byrne, in Expresso/Única (10.11.07)

sábado, 17 de maio de 2008


"A religião envenena tudo. Ataca-nos na nossa integridade básica. Diz que não teríamos capacidade de fazer acções correctas sem ela. E representa o desejo de ser mandado, o desejo do totalitarismo, onde se pode ser condenado por crimes de pensamento."

- Christopher Hitchens, in Expresso/Actual (1.12.07)

quarta-feira, 7 de maio de 2008


"Tudo indica que nos encaminhamos, no mundo ocidental, para uma sexualidade sem contacto físico e sem parceiro... A utilização de interfaces nano, neuro e biotecnológicas talvez venha a permitir que, no fim do século XXI, se estabeleçam entre dois seres relações ainda mais íntimas do que as relações carnais. 'Softwares' ligados a nanodispositivos que permitem o controlo directo do cérebro poderão desencadear orgasmos a pedido e em quaisquer circunstâncias. E, quando for possível estabelecer uma ligação sem fios entre os centros de prazer de dois cérebros, o acto sexual na acepção que hoje temos dele passará a ser tão íntimo como um aperto de mão."

- James Hughes, in Libération (18.03.08)

terça-feira, 29 de abril de 2008


"O que importa é olhar para a obra, soltar as emoções e as reflexões que nos inspiram. Em matéria de arte, o conhecimento absoluto não existe. É essencial interpretarmos segundo os nossos próprios métodos uma obra que não compreendemos."

- Shoei Kawasaki, in Tokyo Shimbun (9.01.08)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Feio segundo Eco


"(...) Como a noção da Beleza, a da Fealdade varia consoante as eras, e de cultura para cultura. No que diz respeito à Beleza, certos aspectos básicos permaneceram constantes (ao menos na tradição Ocidental): por exemplo, a ideia de que a experiência da Beleza requer sempre um certo distanciamento, no sentido de que o objecto deve ser contemplado sem qualquer anseio de posse ou consumo. Ora, se a Fealdade consistisse simplesmente no oposto da Beleza, diríamos que aquela suscita mais envolvimento emocional. O que até é correcto para aquilo que é repelente, repugnante ou obsceno, mas podemos também experimentar a Fealdade em situações cómicas ou grotescas, nas quais o objecto ou a pessoa feios são contemplados com curiosidade ou divertimento, sem qualquer sensação de rejeição. Pense nos sete anões da Branca de Neve; em comparação com George Clooney, são certamente feios, mas consideramo-los deveras simpáticos. A noção de Fealdade abarca mais fenómenos do que a de Beleza. (...)

(...) as representações das coisas belas seguiram sempre um certo cânone, deixando um espaço limitado para a imaginação do artista. Com o Feio, os artistas podem ser mais inventivos. Tente imaginar a descrição literária de uma mulher bela: depois de enaltecer os olhos, o perfil, os lábios ou os cabelos, resta muito pouco a acrescentar. Pelo contrário, na representação do horrível e do repugnante a fantasia do artista pode ter rédea solta. A Beleza tem limites canónicos. A Fealdade é ilimitada nas suas possibilidades.

(...) Um mau artista pode fazer uma horrível representação de Vénus, assim como um grande artista pode representar Polifemo esplendidamente. Do mesmo modo, eu não convidaria uma mulher de Rubens para jantar, mas reconheço que, do ponto de vista artístico, elas são muito belas. Na história da arte há fascinentes representações ou criações de seres monstruosos - basta pensar em Hieronymus Bosch."

- Umberto Eco, in Expresso/Actual (24.11.07)

terça-feira, 22 de abril de 2008



"Um ciborgue é um organismo cibernético, um híbrido entre a máquina e o organismo, uma criatura que pertence à realidade social e simultaneamente uma criatura de ficção"

- Donna Haraway, in A Cyborg Manifesto (1985)

terça-feira, 15 de abril de 2008


"(...) É, os cartoonistas fazem humor, mas não há ninguém mais sério do que nós. Fazemos rir, o pessoal vive, resta a consciência profissional(...)"

- Cássio Loredano, in Expresso/Actual (12.04.08)

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Lisboa Monumental


"(...) Numa das extremidades dessa avenida suspensa, seria edificado um sumptuoso palácio - o Palácio das Alcáçovas - centro dos atractivos e vícios que a gente culta e rica tem por passatempo, pois, além das capitais não engordarem hoje de virtudes, é certo que um pouco de deboche activa a civilização dos povos bisonhos, e é um maravilhoso factor de sugestões(...)"

- Fialho de Almeida, in Ilustração Portuguesa (1906)